O ex-presidente dos EUA Donald Trump anunciou nesta quarta-feira (9 de julho de 2025) a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as importações do Brasil, com entrada em vigor prevista para 1º de agosto.
Trump justificou a medida como retaliação ao que chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente respondendo a processo por suposta tentativa de golpe. Na carta presidencial, ele também criticou a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente censurar empresas de tecnologia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu classificando a ação como interferência política e afirmou que o Brasil tomará medidas de retaliação com base na lei de reciprocidade econômica.
O real desvalorizou mais de 2% frente ao dólar após o anúncio.
Empresas brasileiras com foco no mercado americano — como Embraer e Petrobras — sofreram queda nas ações.
Setores agrícolas (café, suco de laranja, carne) também podem repassar aumentos de custo aos consumidores norte-americanos .
A tarifa é parte da estratégia de Trump de aplicar medidas tarifárias amplas. Desde abril, o chamado “Liberty Day Tariffs” incluiu tarifas adicionais, como 50% sobre alumínio e aço e a adoção da Lei Internacional de Poderes Econômicos de Emergência (IEEPA0). Com isso, a UE, México e outros países também enfrentam tensões comerciais.
Consequências e riscos
- Econômicas: aumento de preços para consumidores e pressão inflacionária nos EUA; risco de represália comercial pelo Brasil.
- Políticas: escalada nas já tensas relações entre os países; desgaste sobre a independência do Judiciário brasileiro.
- Diplomáticas: Brasil convocou a embaixada dos EUA e pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC).
O que vem a seguir
- O Brasil deverá ativar medidas de reciprocidade, incluindo a suspensão de acordos comerciais ou incremento de tarifas sobre produtos dos EUA .
- A próxima semana será decisiva para observar possíveis reações coordenadas por parte de EUA e aliados comerciais.
- Setores privados pressionarão por diálogo direto para evitar sanções de longo prazo ou ações multilaterais.
A decisão de Trump marca uma escalada inédita nas tensões comerciais entre Brasil e EUA, aliando política a medidas econômicas. Além de afetar diretamente os setores exportadores, a medida pode abrir precedente para disputas comerciais globais com caráter geopolítico.