A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, classificou a tarifa de 50% anunciada pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, sobre produtos brasileiros como “coerção e interferência nos assuntos internos” do país.
Segundo Mao, a iniciativa contraria princípios básicos da Carta das Nações Unidas e normas internacionais de não intervenção. Foi a primeira declaração oficial da China sobre a medida contra o Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil responderá com tarifas equivalentes e recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC) se Trump seguir com a medida, prevista para vigorar em 1º de agosto Financial Times+3Exame+3cbn+3.
O governo também planeja montar um comitê com empresários para rediscutir a estratégia comercial com os EUA após essa abordagem que definiu como “chantagem tarifária”.
A iniciativa americana provocou reações também de outros países. A imprensa europeia classificou a tarifa como um ataque político mascarado em discurso econômico — o francês Le Monde chamou de “guerra contra Lula”, enquanto El País descreveu a medida como “uma bomba”. O Canadá, alvo de medidas similares, também manifestou preocupação.
A China já vinha alertando contra o uso de tarifas como instrumento político. Em abril, criticou pesadamente uma ameaça similar de Trump envolvendo produtos chineses, afirmando que “lutarão até o fim” caso fosse implementada.
O aumento recente de tarifas sobre o Brasil ocorre em meio a um cenário de tensões comerciais globais: Trump já aplicou medidas sobre China, Canadá e países alinhados aos BRICS.
O Brasil avalia medidas de retaliação e acionamento da OMC. A escalada da tensão tarifária deve afetar exportações brasileiras, especialmente de commodities como carne bovina nos EUA, e pode influenciar os rumos da eleição presidencial de 2026.
A postura da China reforça que a disputa envolve não só Brasil e EUA, mas também líderes globais atentos a sinais de protecionismo com fins políticos.
A crítica da China expõe a dimensão internacional da crise tarifária entre EUA e Brasil. A resposta de Lula e a pressão econômica global delineiam um momento delicado para o comércio internacional, com potenciais impactos sobre as relações com grandes blocos como o BRICS e o funcionamento de instituições multilaterais como a OMC.