Ela tem 62 anos. Uma catarinense de cabelos grisalhos, chamada Jucilene Costa do Nascimento.
Aposentada, mãe, mulher simples. Mas, para a Justiça brasileira, tornou-se ré, condenada a 13 anos e seis meses de prisão em regime fechado, por ter participado dos atos de 8 de janeiro.
Atrás das grades, Jucilene não encontrou apenas o peso da sentença. Encontrou também a violência.
Em agosto de 2025, no Presídio Feminino Regional de Florianópolis, foi brutalmente agredida por outra detenta. Saiu com hematomas, precisou de atendimento médico, exame de corpo de delito e um pedido desesperado por proteção.
Sua defesa recorreu. Pediu a prisão domiciliar, por razões humanitárias. Afinal, Jucilene é idosa, frágil, marcada por traumas.
Mas a resposta foi não. O Supremo disse não. A Procuradoria-Geral da República disse não.
Hoje, continua atrás das grades.
Enquanto isso, do lado de fora, sua vida também foi destruída.
A pensão, única fonte de renda, está bloqueada desde 2023. O filho, com apenas 20 anos, foi obrigado a abandonar os estudos para trabalhar e sustentar a casa. Uma família inteira esmagada por uma sentença que ultrapassa os muros da prisão.
E fica a pergunta: até onde vai a justiça, quando deixa de ser equilíbrio e se transforma em castigo?
Princípios como devido processo legal, razoabilidade, proporcionalidade e liberdade de expressão foram atropelados. A própria Vaza Toga mostrou que muitos cidadãos foram presos por simples postagens em redes sociais.
Jucilene, uma senhora de 62 anos, tornou-se o retrato de uma Justiça que pode ser implacável.
Uma vida interrompida. Uma família desestruturada. Uma mulher marcada para sempre.
Porque, no fim das contas… podia ser você.