A Amazônia brasileira enfrentou, em 2024, o maior número de queimadas desde 1985, conforme aponta o Relatório Anual do Fogo (RAF) do MapBiomas, divulgado nesta terça-feira (24). Foram devastados 15,6 milhões de hectares, representando 52% de toda a área queimada no país no ano passado.
O relatório indica que a vegetação florestal foi a mais afetada, com 6,7 milhões de hectares destruídos, superando as áreas de pastagem, que somaram 5,2 milhões de hectares incendiados. Especialistas atribuem o aumento das queimadas à ação humana, agravada por dois anos consecutivos de seca severa e mudanças climáticas.
Além da Amazônia, o Cerrado também apresentou dados preocupantes, com 10,6 milhões de hectares queimados em 2024, equivalente a 35% do total no país. Esse número representa um crescimento de 10% em relação à média histórica anual de 9,6 milhões de hectares
Os estados do Mato Grosso, Pará e Maranhão lideram o ranking nacional, concentrando juntos 47% de toda a extensão afetada no Brasil nas últimas quatro décadas. A Mata Atlântica registrou, em 2024, a maior área queimada desde 1985, com 1,2 milhão de hectares — um aumento de 261% em relação à média histórica.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que assumiu o compromisso de zerar o desmatamento até 2030, enfrenta críticas devido ao aumento das queimadas. A situação coloca em xeque o discurso ambiental do governo às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), prevista para ocorrer em Belém, no Pará, no fim deste ano.
O relatório do MapBiomas destaca que quase um quarto do território nacional — área equivalente à soma dos estados do Pará e Mato Grosso — queimou pelo menos uma vez entre 1985 e 2024. No total, 206 milhões de hectares foram afetados pelo fogo no Brasil nas últimas quatro décadas.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, tem enfatizado a redução do desmatamento como principal conquista ambiental do governo. Entretanto, as queimadas, que continuam em alta, têm recebido menos atenção nas políticas públicas, segundo especialistas.
O governo federal anunciou recentemente o programa “União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais na Amazônia”, com investimento de R$ 730 milhões para 70 municípios prioritários. Contudo, críticos apontam que o combate aos incêndios florestais ainda carece de ações mais efetivas e orçamento adequado.
A situação das queimadas na Amazônia e em outros biomas brasileiros evidencia a necessidade de políticas públicas mais eficazes e investimentos robustos para enfrentar os desafios ambientais que o país enfrenta.