Human Rights Watch critica retrocessos em direitos humanos no Congresso Nacional

Direitos Humanos

atuação do Congresso Nacional em temas ligados aos direitos humanos tem gerado preocupações, segundo avaliação da organização internacional Human Rights Watch (HRW). Em entrevista à coluna Balanço Social, da revista Veja, o diretor da HRW no Brasil, César Muñoz, apontou retrocessos significativos em áreas como transparência, diversidade e proteção ambiental.

Muñoz destacou a aprovação de uma anistia para partidos políticos que não cumpriram as regras de destinação de recursos do fundo eleitoral para candidaturas de mulheres e pessoas negras. “É lamentável que os próprios partidos políticos tenham se anistiado pela violação das regras da diversidade nas últimas eleições”, afirmou. Para ele, essa medida representa um retrocesso para a democracia brasileira

A falta de transparência nas emendas parlamentares também foi alvo de críticas. O diretor da HRW ressaltou que a explosão das emendas, muitas vezes opacas, dificulta o acompanhamento do uso dos recursos públicos. “O que estamos vendo no Congresso é uma resistência enorme a fazer isso por interesses políticos”, disse.

Outro ponto de preocupação é o avanço do Projeto de Lei nº 2.159/21, conhecido como “PL da Devastação”, que propõe alterações na Lei Geral de Licenciamento Ambiental. Segundo Muñoz, a proposta afrouxa o licenciamento ambiental, criando uma “licença ambiental especial” que isentaria diversos setores de alto impacto de obter licenças para projetos, bastando o preenchimento de um formulário autodeclaratório. “No país de desastres como Mariana e Brumadinho, afrouxar o licenciamento ambiental é um erro enorme e pode ter consequências trágicas para os brasileiros”, alertou.

Além disso, a HRW criticou a aprovação do chamado “pacote do veneno”, em dezembro de 2023, que facilitou a aprovação de novos agrotóxicos no Brasil com menor controle, e a aprovação da tese do Marco Temporal, em janeiro de 2024, considerada prejudicial aos povos indígenas e à proteção ambiental.

A organização também apontou desafios no governo federal, como a necessidade de políticas mais efetivas de enfrentamento à violência policial e aos desastres ambientais. Apesar de reconhecer avanços em áreas como a redução do desmatamento na Amazônia e a retomada das demarcações de terras indígenas, a HRW enfatiza que os direitos humanos são indivisíveis e interdependentes, exigindo ações coordenadas e abrangentes.

Nana Botton

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